A série Bom dia, Verônica e a misoginia | Resenha
Verônica veio pra abalar meu psicológico. De todas as formas.
A resenha dessa vez é sobre a série, pois provavelmente eu irei trazer uma resenha literária em breve, porque depois que você termina Bom dia, Verônica você quer saber o que tem no livro.
Com um primeiro episódio de tirar o fôlego, Verônica está em seu trabalho (escrivã da polícia de SP) e presencia um suicídio. O desenrolar da investigação a coloca no caminho de Janete (Camila Morgado), esposa do Tenente Brandão (Eduardo Moscovis).
Verônica é um personagem de diversas camadas, que vão sendo trabalhadas conforme a série avança e que ainda assim nos deixa com algumas perguntas.
O roteiro, escrito pelo grupo: Raphael Montes, Ilana Casoy, Gustavo Bragança, Davi Kolb e Carol Garcia; adapta o livro lançado pelo selo DarkSide Books. Originalmente, Raphael e Ilana o escreveram usando o pseudônimo de Andrea Killmore.
A eletrizante série lançada pela Netflix possui 8 episódios, a produtora confirmou uma segunda temporada porém, sem data de lançamento ou de começo de gravações. Resta esperar.
Verônica é um personagem de diversas camadas, que vão sendo trabalhadas conforme a série avança e que ainda assim nos deixa com algumas perguntas.
O roteiro, escrito pelo grupo: Raphael Montes, Ilana Casoy, Gustavo Bragança, Davi Kolb e Carol Garcia; adapta o livro lançado pelo selo DarkSide Books. Originalmente, Raphael e Ilana o escreveram usando o pseudônimo de Andrea Killmore.
Data da primeira publicação: 30 de novembro de 2016
Autores: Ilana Casoy, Raphael Montes, Andrea Killmore
Ano: 2019
País: Brasil
Gêneros: Suspense, Ficção policial
A rotina da escrivã de polícia Verônica Torres era pacata, burocrática e repleta de sonhos interrompidos até aquela manhã. Um abismo se abre diante de seus pés de uma hora para outra quando, na mesma semana, ela presencia um suicídio inesperado e recebe a ligação anônima de uma mulher clamando por sua vida. Verônica sente um verdadeiro calafrio, mas abraça a oportunidade de mostrar suas habilidades investigativas e decide mergulhar sozinha nos dois casos. Um turbilhão de acontecimentos inesperados é desencadeado e a levam a um encontro com lado mais sombrio do coração humano.
Pra quem gosta de séries policiais, com bastante trama, cenas eletrizantes e com roteiro redondinho Bom Dia, Verônica é um prato cheio disso. A história é ambientada em São Paulo e possui uma direção na medida, nada de tão impressionante, pelo José Henrique Fonseca. (Mesmo diretor de Mandrake, O Homem do Ano e a novela Cheias de Charme.)
As atuações de Eduardo Moscovis e Camila Morgado carregam a série. Tainá Müller pena um pouco pra passar a imagem de uma policial com traumas e uma família pra proteger. Elisa Volpatto passa por dificuldades pra imprimir os anseios de sua personagem Anita; talvez seja uma má direção de ator aqui. Antônio Grassi e José Rubens Chachá entregam o estereótipo de policiais de filme de ação. (Não é um ponto negativo.)
César Mello e Sílvio Guindane servem de trampolim para a personagem principal. Apaixonados por Verônica e cúmplices de seus anseios. Os personagens não são mais desenvolvidos que isso. Infelizmente. (será o destino de todos os personagens negros da série?)
Vale a pena dar uma chance para Bom dia, Verônica. Com toda a certeza é um precedente para mais séries policiais brasileiras com protagonistas mulheres.
Além de spoilers, essa parte trata da minha opinião a cerca de certos assuntos tratados na série
Após esse acontecimento, a cabeça e a vida da protagonista viram de cabeça pra baixo e ela sai da posição de ser apenas uma escrivã e passa a investigar o criminoso que anda dando golpes em mulheres de aplicativos de relacionamento.
O roteiro justifica a facilidade de Verônica em se meter onde não deveria; o delegado responsável pela delegacia que ela trabalha é seu padrinho. E seu pai também era um investigador. No começo não sabemos os motivos pelo qual Wilson Carvana ajuda tanto a afilhada, mas ele aparenta ser uma pessoa que a ama muito.
Anita aparece como uma antagonista ferrenha de Verônica por pura maldade. Fica bem vago suas intenções e seus anseios como personagem. Não sei se é porque a atriz não teve a oportunidade de se aprofundar na Anita ou se a direção pecou ai. É uma coisa que fica entre tensão sexual, disputa por interesses e um pouco de rivalidade feminina. Anita também representa um lado machista de mulheres em posição de poder.
Nelson, interpretado por Sílvio Guindane, já nas primeiras cenas, entrega um personagem deslocado de seu trabalho que é apaixonado por Verônica. (Isso não é trabalhado nessa temporada, mas o Sílvio é um ator tão competente que entrega isso nos gestos do personagem) Nelson faz de um tudo para ajudar Verônica a encontrar o autor do golpe do boa noite cinderela.
No decorrer do primeiro episódio, Verônica acaba por divulgar um telefone para que mulheres que estejam em situação de vulnerabilidade e violência possam pedir ajuda. É aqui que o caminho dela se cruza com o de Janete.
Desde o começo desse episódio, as cenas de Janete e de Brandão são agoniantes. O telespectador ainda não tem noção do que acontece com aquele casal. A interação deles entrega aos poucos que algo disfuncional acontece naquela casa.
Na vida, a gente tem que tentar fazer as coisas direito. Se é pra fazer, faz direito. Se é pra cozinhar, cozinha direito. Se é pra servir, serve direito. — Bom dia, Verônica.
Com apenas uma cena, uma troca de palavras, Eduardo Moscovis entrega o propósito de seu personagem. E ainda temos mais 7 episódios por vir. É de encher os olhos a atuação dele e de Camila Morgado, atriz que é estrela de Olga, A Casa das Sete Mulheres, Vergel; entre outros. Janete é uma mulher silenciada, apagada e destruída por um casamento tóxico e violento.
Só que nós vamos descobrir, no decorrer da trama, que eles tem muito mais a nos revelar.
Voltando para o núcleo de Verônica, ainda temos sua família. Seus filhos e seu marido, vivido pelo César Mello, que é apaixonado por sua esposa. O roteiro e a direção nos fazem questão de exibir o quanto o casal é unido e atraído. (não acho ruim não, dois gostosos na tela)
Paulo, marido de Verônica, está aqui fazendo o mesmo papel que Nelson faz no trabalho: manter a sanidade de Verônica em meio ao caos. Sem isso ela já teria enlouquecido como seu pai.
No final do primeiro episódio, vemos Janete e Brandão atacar uma mulher no terminal rodoviário. Isso é o precedente para o que, de fato, transforma a série em algo muito maior: Brandão é um Serial Killer.
Só que nós vamos descobrir, no decorrer da trama, que eles tem muito mais a nos revelar.
Voltando para o núcleo de Verônica, ainda temos sua família. Seus filhos e seu marido, vivido pelo César Mello, que é apaixonado por sua esposa. O roteiro e a direção nos fazem questão de exibir o quanto o casal é unido e atraído. (não acho ruim não, dois gostosos na tela)
Paulo, marido de Verônica, está aqui fazendo o mesmo papel que Nelson faz no trabalho: manter a sanidade de Verônica em meio ao caos. Sem isso ela já teria enlouquecido como seu pai.
No final do primeiro episódio, vemos Janete e Brandão atacar uma mulher no terminal rodoviário. Isso é o precedente para o que, de fato, transforma a série em algo muito maior: Brandão é um Serial Killer.
Brandão, quando não está maltratando Janete, batendo nela, a fazendo ficar com fome ou a trancando em casa; sequestra mulheres pobres em busca de uma nova vida em São Paulo. Migrantes, inocentes, todas elas se levam pela doçura de Janete que as leva para Brandão. Ele então as imobiliza e leva no porta-malas do carro até uma fazenda no interior.
Lá ele coloca Janete com a cabeça numa caixa, e deixa ela ouvir os gritos de socorro das vítimas de Brandão. É uma coisa bem perturbadora.
O que é ainda mais doentio em Brandão é que ele quer que Janete engravide. Colocar uma criança nessa situação só piora a cabeça de Janete; que episódio atrás de episódio parece que vai perder a cabeça.
Além da violência explícita que Brandão comete com Janete, Verônica também se vê vítima de misoginia entre seus companheiros de trabalho. Anita não leva em consideração suas posições, suas investigações e a impede; muitas vezes, de se aprofundar no caso do golpista.
Ao mesmo passo que Verônica está envolvida com o suicídio da moça, ela também tenta auxiliar outra vítima que vem a procura da policial pois não encontra amparo em Anita.
Verônica também é podada por outros homens ao seu entorno; seu padrinho Wilson Carvana não dá suporte e também não leva em consideração as ações de Verônica. E olha que ela ainda tem que investigar Brandão; um tenente da polícia. Homem poderoso, com muitos contatos e que ainda por cima é protegido por Anita e Wilson.
O desenrolar do enredo nos revela que a polícia de SP está ligada a um caso de corrupção que envolve um orfanato que treina advogados, médicos, policias, jornalistas... A série não desenvolve isso muito bem porque só é revelado no penúltimo episódio.
Janete, agora grávida e com a ajuda de Verônica; tenta escapar de Brandão levando consigo algumas provas. Porém o plano dela e da policial não dá certo. O tenente mata Janete em vingança por ela ter envenenado sua avó. O passado de Brandão é um borrão. Ele odeia a mãe, tem problemas com a infância e participa de algum culto religioso. Para ele, matar todas essas mulheres é uma forma de vingar-se de sua mãe. (Ao que parece, a série - novamente - não aborda isso profundamente.)
Após sequestrar Wilson Carvana, Brandão o leva para a fazenda que ele levava suas vítimas e que também praticava seu culto. Verônica o persegue e tenta salvar seu padrinho, em vão. As cenas da protagonista com o vilão são um pouco fracas. Eu estava esperando mais diálogos. Eles lutam e Verônica o mata da mesma forma que ele matou Janete: amarrado, com a caixa na cabeça e queimado.
O gancho deixado pelos roteiristas, é de que Verônica; usando a identidade de Janete, irá retornar para vingar seu pai (que foi quem descobriu a corrupção da polícia e o orfanato) e também para vingar as vítimas de Brandão. As notícias que percorrem a cidade é de que o corpo de Janete é de Verônica e que ela, seu padrinho e Brandão morreram perseguindo um Serial Killer. Sua família e a própria polícia, acreditam que Verônica está morta.
No fim das contas, Bom Dia, Verônica intriga, deixa um gostinho de quero mais e permite que muitas coisas não sejam respondidas. Ganchos para uma segunda temporada? Veremos em breve.
Comentários
Postar um comentário