Chernobyl, uma nova ótica sobre a tragédia | Resenha.


Após o fracasso imenso de Game Of Thrones, a HBO tirou da manga uma das séries mais incríveis que vi esse ano. (Estamos em Junho, talvez seja um pouco cedo pra afirmar isso.) GOT decepcionou muito, mas Chernobyl veio pra salvar a empresa.
Além da produção muito bem elaborada, a série tem muito mais profundidade do que apenas explorar tragédias, que é o que os EUA adora fazer né não?

 Nível de Spoilers: Nenhum.






Homens e mulheres corajosos agem heroicamente para mitigar danos catastróficos quando a Usina Nuclear de Chernobyl sofre um acidente nuclear em 25 de abril de 1986. 
Emissora: HBO
Primeiro episódio: 6 de maio de 2019
Episódio final: 3 de junho de 2019
Locais de produção: Lituânia, Ucrânia
Criador: Craig Mazin
Direção: Johan Renck


Chernobyl me pegou no primeiro episódio de uma forma arrebatadora. A escolha da paleta de cores, a ambientação e o roteiro respeitoso me fez querer saber como aquela série terminaria.
Não existe spoilers que possam ser contatos, o acidente de Chernobyl é algo que muito de nós aprendemos na escola em matérias como história ou química.

O acidente aconteceu na madrugada de 26 de abril de 1986 e foi o maior acidente nuclear da história. (Registrado até então.) Essa tragédia ocorreu na usina V. I. Lenin, localizada na cidade de Pripyat, a cerca de 20 km da cidade de Chernobyl (atualmente território ucraniano). Causando a morte de milhares de pessoas e contribuindo para apressar o fim da União Soviética.

Deve ter sido mais ou menos isso que você aprendeu na escola, e o interessante do roteiro da série é que ele se propõe a ser subversivo a esta ideia. A intenção é ser documental e dar nome aos verdadeiros heróis da tragédia. Mesmo que no final, seja muito do mesmo, em que você cutuca um governo mas não se questiona se outros países não sofreram acidentes assim. (Por mais que seja bem cretino dizer que qualquer outra usina passou algo parecido como a explosão de um núcleo.)

Sempre que vejo algum conteúdo sobre a tragédia em Chernobyl os realizadores apontam os erros da União Soviética, e quase nunca comentam todos os outros que ocorreram. E que talvez o erro esteja mais em produções capitalistas desenfreadas do que realmente em erros humanos. Nessa altura do campeonato é mais fácil culpar pessoas do que corporações, o estado ou ideais.

(Talvez eu esteja muito influenciada pelo espírito do comunismo.)

Saindo um pouco da esfera política, porque é impossível não pensar na série por esta ótica, Chernobyl é grandiosa. Os episódios são de tirar o fôlego, e o medo do desconhecido é algo que aumenta a cada cena. O cuidado de Jakob Ihre, diretor de fotografia, em retratar a série o mais próximo da realidade é maravilhoso. Com direção de Johan Renck que tá impecável, e a surpresa da criação de Craig Mazin, que é um roteirista conhecido por Se Beber Não Case e Todo Mundo Em Pânico, Chernobyl com certeza se consagrou como uma surpresa de 2019.

Tenho alguns destaques para enfatizar na atuação. 

Jared Harris como Valery Legasov.

Jared me surpreendeu maravilhosamente nessa série. Estou acostumada a vê-lo em papéis secundários, mas não menos importantes, mas a forma como ele deu vida a Valery Legasov tá de tirar o chapéu, sinceramente.
O medo no olhar, a evolução no personagem. Camadas e mais camadas de caráter.







Stellan Skarsgård como Boris Shcherbina.

Vou ter que rasgar a seda para o Stellan agora. Eu não sou conhecedora de seus trabalhos assim como é com o Jared, mas eu imaginava uma atuação poderosa. A evolução de Boris na série é de arrepiar, e em cinco episódios Shcherbina muda de autoritário e fiel ao partido para um homem com medo do desconhecido. Eu poderia elogiar a série inteira só pelos episódios com ele.  




Sem contar a química entre Stellan e Jared. Me lembrou o contexto criado entre Connor e o tenente Hank Anderson em Detroit: Become Human.

Emily Watson como Ulana Khomyuk.

A Emily eu conheço da incrível atuação dela em A Menina Que Roubava Livros. Eu fiquei muito surpresa em saber que Ulana não existiu e que foi uma homenagem aos cientistas que trabalharam com Legasov.

Emily é uma representação de força, sensibilidade e conhecimento. Um exemplo de que podemos inserir em contextos antiquados, mulheres poderosas.




Alex Ferns como Andrei Glukhov.

Alex Ferns representa na série o mais puro suco de um trabalhador soviético.

Em poucas cenas e com uma certa dose de humor ácido, transformou o personagem fictício Andrei numa homenagem justa aos trabalhadores de mina que ajudaram a cavar túneis abaixo do reator exposto.





Como em qualquer série sobre tragédias é inevitável que certos pontos sejam mudados, romantizados e /ou retirados para dar seguimento no roteiro e para atrair público. Chernobyl não foge dessa regra, realmente. A União Soviética é tratada de forma um pouco... Vamos dizer... Americana. Interprete como achar melhor. (haha)

Levando isso em conta, antes que eu entre no meu ponto de vista, o partido não quer que essa seja a única versão atual do ocorrido, e já garantiu que vai fazer sua versão dos acontecimentos. (O partido comunista, da antiga União Soviética, se sentiu bem incomodada com a série e a americanização dos fatos.)

Todos nós já nos deparamos com documentários, filmes, séries e adaptações de tragédias da mais diversas formas.
Titanic é uma delas. Em 1911 você não falaria sobre o acidente com o iceberg da mesma forma como falamos atualmente. Seria desrespeitoso.

Os ocorridos em Pripyat são recentes e muito delicados ainda. Falar sobre isso traz a tona tragédias, dores, sofrimento e muita irresponsabilidade de pessoas poderosas. É um verdadeiro vespeiro. Acidentes nucleares são, em suma, algo muito recorrente desde a invenção desta forma de criar energia. (Se eu disse algo errado me corrijam.)

Mas na minha compreensão as pessoas ainda não sabem lidar com tragédias e não tem o mínimo de empatia ao lidar com isso.

Visitas a Pripyat e a Chernobyl se tornaram cada vez mais procuradas, segundo o USA Today, a Zona de Exclusão de Chernobyl, vem registrando um aumento de 30% nas visitas causadas pela popularidade da série. Se o aumento de turistas continuar, a estimativa é que 150 mil pessoas visitem a localidade ainda este ano. (Você acha o que disso? Acha mesmo que os moradores que vivem por lá recebem algo por essa exploração de tragédia?)


As áreas mais visitadas são o parque de diversões abandonado de Pripyat e a unidade de reatores da usina. Grande parte do terreno está aberto para visitantes e outras áreas permanecem isoladas devido a radioatividade.

E mesmo correndo perigo de exposição à radiação, muitas pessoas fazem ensaios, vlogs, turismo. Chega a ser bizarro a forma como levam a tragédia como se fosse... Atração?

Nas minhas pesquisas sobre a cidade de Chernobyl, descobri que existem moradores, apesar de ser um local perigoso de se morar. Estes são descentes do acidente, mulheres que não quiseram deixar seus terrenos e pessoas que moram isoladas. Em condições rudimentares, estas pessoas não abandonam suas casas porque acreditam que ali é seu lugar.

Reprodução G1.
Para além dos atuais moradores, também existe, na zona proibida, uma crescente vida selvagem.
Antigamente com cachorros vivendo até três anos de idade, hoje grande fauna e flora vem surgindo depois da tragédia. Parece um pouco de esperança no meio do amargo da tristeza.






Créditos das imagens:
imagens adicionais do google imagens



Comentários

  1. NOSSA QUE INCRÍVEL O SEU BLOG
    DESCULPA O CAPS MEU TECLADO TA UMA BOSTA

    VOCE E LINDA

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    Respostas
    1. Erik aprende a fazer um comentário mais construtivo por favor.
      UAHSUAHSUHAUSH

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  2. Caramba... Apesar de alguns errinhos de escrita, que análise incrível!!

    Gostei muito da forma que você foi aplicando as imagens com os textos pra leitura não ficar cansativa, isso junto com uma breve análise de cada personagem... Nossa muito bom mesmo, merecia ter muito mais visibilidade. rs

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    1. Estou aos poucos voltando a escrever, peço desculpas por estes erros.
      Muito obrigada pelo seu comentário, faça ele em público da próxima vez porque eu sei quem é você. USHAHSAHSUAH

      Até, abraços!

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