A Delicadeza de Procurando Dory | Resenha.

Reprodução WaltDisney

Com uma pausa de treze anos, Pixar, nos entrega a sequência de uma de suas maiores bilheterias. Desta vez com a personagem que movimenta a trama anterior, Dory. 

Tive a oportunidade de ver o filme semana passada, e... Poxa vida! É um dos mais novos queridinhos do meu coração.

Nível de Spoiler - Baixo, considerando as postagens do facebook, twitter e afins.

Posso me arriscar a dizer que Procurando Dory se originou da frase: " — Eu tenho perda de memória recente é de família, eu acho… aliás, onde estão eles?"

Procurando Dory é sofisticado e encantador. Com flashbacks da infância de Dory, que são mostrados sutilmente - o que não subestima a nossa inteligência -, o longa tem um ritmo fluído e surpreendente a cada cena. 

Somos inseridos no filme com Dory ainda pequena, e a luta de seus pais para ensinar a pequenina a como lidar com a doença. Além de serem pacientes com a peixinha, eles ensinam a ela os perigos do mar e que ela pode sempre voltar pra casa se continuar a nadar. Isso mesmo! Continue a nadar, continue a nadar, nadar, nadar ♫

Crianças facilmente se divertem e nós, adultos ansiosos, nos deparamos com mais uma história encantadora. E é claro que tem uma mensagem sutil. Sempre tem.

Procurando Dory fala muito sobre deficiências e traumas. E como nós podemos lidar com isso. Seja a falta de memória de Dory, ou a nadadeira pequena de Nemo, a cegueira de Destiny e tantas outras apresentadas no longa. É um filme sobre inclusão, o que é gratificante.

Os roteiristas decidiram por usar a doença da Dory de uma forna não linear e bem criativa, a fazendo esquecer de coisas simples e enriquecendo sua memória com flashbacks que emocionam. 

Acompanhando o trailer é fácil de perceber que Dory procura seus pais, num súbito de lembranças e locais, completamente confusos, que se encaixam no decorrer da trama. Assim como em Procurando Nemo, o roteiro faz uso da Jornada do Herói. Levando Dory, Marlin e Nemo em mais uma aventura, levada apenas pelas memórias de Dory.

Neste filme temos personagens novos, MARAVILHOSOS, e também, a aparição dos antigos personagens de forma justa. Todos tem uma motivação para aparecerem. (Vejam a cena pós crédito. Eu perdi e foi uma pena. Engraçadíssima e muito nostálgica.)

Se Dory era a coadjuvante de Procurando Nemo, nesta animação Marlin e Nemo viram secundários. Porém, longe de serem esquecidos, os dois evoluem como personagens. Marlin ainda é muito inseguro e em Procurando Dory, o peixe palhaço acaba aprendendo que continuar a nadar não é apenas uma música.

Procurando Dory usa a mesma técnica arrepiadora de Procurando Nemo (2013) em relação a luz, água e objetos. Tiveram o cuidado de deixar a areia perfeita, as luzes que atravessam a água impecáveis e tem uma cena - que eu fiquei maravilhada com a dedicação - num balde de água suja, desses de passar no chão, perfeita. Tiveram o mínimo de cuidado de usar uma água imunda. Achei incrível!

O filme usa de cores vívidas, com destaque para cenas solares no parque e tons marrom para cenas melancólicas. Muito bem utilizadas.

Neste filme, aprendemos o porque de tantas manias incomuns da Dory e que ela realmente fala baleiês. Não que eu desconfiasse.

Procurando Dory é um longa engraçado, encantador e que vai te deixar com o coração quentinho de amor. É impossível sair da sala sem sentir esse sentimento quente no coração.

As falas são muito bem colocadas entre comédia e delicadeza. E tenho certeza que você vai gostar muito do Hank, um polvo um tanto mal humorado.

Sobre a tal "polêmica" que envolve um casal lésbico no filme; Não tem um casal de lésbicas em lugar algum. Na verdade, não tem casal no longa. A não ser pelos pais de Dory. (Não espere por um desenvolvimento de relacionamento entre Dory e Marlin. Eles são amigos. Grandes amigos.) E se tivesse um casal LGBT no filme, nada mudaria. Seria até mais inclusivo. <3 

(Polêmica bem desnecessária, diga-se de passagem)

Vou ser sincera: Não encontrei nada em Procurando Dory que tenha me desapontado. Pixar prometeu uma sequência, e foi isso que ela entregou pra gente. Uma cena incrível é o final dos flashbacks no início do filme. Eles acabam exatamente quando Dory encontra Marlin.

Procurando Dory me ensinou que devemos seguir em frente mesmo quando não soubermos o que fazer. E que nossas amizades e nossa família, é um dos laços mais fortes que criaremos no decorrer de nossas breves vidas. Os pais de Dory são apaixonantes. E vem deles esse coração imenso da Dory.

Eu sou muito suspeita pra resenhar este filme. Sou fã de Procurando Nemo e Dory é a representação de uma parte de mim, que eu amo muito. Amor. Dory é amor, amizade e coragem em um só personagem. E neste filme, você vai acabar percebendo que ela não é só uma maluquinha esquecida. Dory ensina pra todos a sua volta o valor da amizade.

— Eu nunca vou esquecer você, Hank. Você vai ficar pra sempre no meu coração.
— Coração? Mesmo que você tivesse três deles, você esqueceria. Mas quer saber Dory? Pra mim vai ser difícil esquecer você.

Assisti dublado. E olha... O decorrer do filme continua vibrante. Não é bem mérito da dublagem, o filme por si só é bem surpreendente. Porém, ver Os Barbixas dublando os leões marinhos é de cair na gargalhada. Hank é dublado por Antonio Tabet, que perfeitamente colocou emoção no polvo, e por fim, Marília Gabriela como locutora do Instituto da Vida Marinha, que é onde Nemo, Dory e Marlin vão parar. Dory até cita a locutora algumas vezes.

Procurando Dory me fez correr pro cinema. Ri e me emocionei diversas vezes. O filme é delicado assim como a Dory, e eu duvido que esta animação não vá encantar você. 

Foi realmente um milagre eu estar aqui hoje, já que as postagens são nas quartas. Porém, como o filme ainda está fresco na minha memória, e eu tive um tempinho, decidi - por fim -, contar pra vocês o que esse longa fez no meu coração.

E se você já assistiu, por favor, me diga ai nos comentários sua cena favorita!